segunda-feira

a greve é a greve é a greve


È natural concordar com uma greve. É um direito. Se há greve é porque existem direitos a defender ou pelos quais lutar. Mas deixemos isso de lado e concentremo-nos na própria greve – ou seja na forma e não no conteúdo.
Existem várias formas de fazer greve. A forma que infelizmente se vulgarizou, pelo menos em Portugal, é a do estilo «vingança do chinesinho»: Os manifestantes tentam provocar o maior incómodo e prejuízo possível aos concidadãos, ou seja á sociedade. Desta forma, esperam eles, demonstrar a sua importância na sociedade e por acréscimo a justiça das suas reivindicações. Põem-se em bicos dos pés e berram alto: VEJAM COMO NÓS SOMOS INDISPENSAVEIS! Sob este prisma a classe que provoque mais dano é a mais importante. Quando o sindicato dos camionistas resolver paralisar e os supermercados não tiverem abastecimento vamo-nos lembrar para sempre da importância dos camionistas.
A sociedade funciona como uma máquina - todos os componentes são importantes.
Mais estranho ainda é a procura dos grevistas de situações especiais em que as suas acções provoquem mais caos. É o puro mediatismo. Com este tipo de escolhas é obvio que a atenção do público se desvie dos assuntos reivindicados para a especulação paranóica de cenários catacliticos. Foi o caso da greve dos controladores de tráfego prevista para o período do Euro2004.
Por ultimo e mais revoltante é se estas situações especiais se abaterem sobre outra classe, prejudicando-a especialmente. A greve dos professores no período de Exames Nacionais mais do que incomodar o governo prejudica especialmente os alunos. É evidente que a incerteza da realização do exame é um factor acrescido de stress e desmobilizador para o aluno. Alheios a tudo os professores marcaram mesmo a greve para esse período especial. Quando lhes perguntaram se se achavam responsáveis pela situação de stress resultante responderam que o governo podia ter alterado o calendário de exames…! Se a ideia era não acertar na época de exames podiam ter decidido outras datas?!?! Ou o gozo seria ver o governo atrapalhado a organizar em tempo record uma alternativa que eles sabem que não é do dia para a noite que se consegue? e com isto gastar mais uns milhares de euros ao erário publico – ai que giro!!!
Como estrategas, os responsáveis por esta greve provaram ser verdadeiros amadores pois colocaram-se numa situação muito delicada – ou o governo faria o que se sabe ser impossível e recuaria alterando os exames, ou como se verificou, recuaram os professores fazendo uma greve a meio gás pois seria incompreensível para os alunos, suas famílias e para o país o fado que se abateria sobre eles.
Ao usar os alunos como arma de arremesso os professores deram uma fraca imagem de si mesmos e provaram não ter respeito pela sua profissão nem pelos seus alunos.