segunda-feira

greve


A greve surgiu originalmente como forma de travão a grupos privados que concorriam entre si usando, sem escrúpulos, o “dumping” social dos seus trabalhadores. Nessa forma original era eficaz pois não paralisava um sector inteiro mas apenas uma das suas empresas deixando-a refém da conciliação dos seus órgãos – caso contrario as demais empresas absorveriam essa cota de mercado. Isso conduziu à introdução de leis que defendiam os direitos dos trabalhadores nivelando por cima a relação entre patronato e proletariado – pelo menos teoricamente…
A greve política, surgiu como seguimento lógico, mas trazia várias complicações. Em primeiro lugar é uma forma de poder que se sobrepõe a outro: o poder politico – exercido pelos governos democraticamente eleitos. Esta questão tem sido debatida sendo que não existe uma conclusão para alem de que é necessária especial ponderação na sua persecução.
Em segundo lugar, tratando-se de lutas que unem classes inteiras, o seu patrono é a sociedade, somos todos nós e o assunto é a harmonia social, de maneira que não haja prevalência de umas classes sobre outras. O nosso interlocutor é o governo e em princípio, deve ser o parceiro com visão mais abrangente da sociedade, com uma estratégia, um programa de governo. O governo não defende o seu lado porque isso não existe - ou existindo estará a defender toda a sociedade.
Na altura de implementar o programa de governo cada grupo lesado, vem fazer pressão para manter a sua posição. Daqui resulta que o programa de governo é moldado de acordo com a força relativa de cada classe – o lobby. O resultado final é a pulverização do programa de governo em iniciativas desconexas e inconsequentes – e mais uma vez os mais fortes vencem os mais fracos.
O programa de governo devia cumprir uma legislatura e no fim haver o balanço. Os programas eleitorais deviam ser objecto de discussão dentro dos partidos, entre os partidos, nos média, nos comentadores políticos, na sociedade. Depois do dia das eleições o programa deixava de estar aberto á discussão – é isso a democracia – a escolha da maioria. O problema é que os próprios políticos não se dão ao respeito de apresentar um programa eleitoral verdadeiro, realista. Logo também não lhes interessa que depois das eleições ele seja levado a sério. O problema é que as classes laborais se instalaram conhecendo as fraquezas dos governos e usando a sua força para os manipular.